6 de janeiro de 2022

Dicas de como cuidar da horta no verão

quinta, 06 de janeiro de 2022

Em função das condições climáticas desfavoráveis para o cultivo da horta, especialmente no litoral, e também o afastamento das residências devido às férias, recomenda-se algumas dicas para proteger e refazer a fertilidade do solo nesse período.

 

Proteção do solo (cobertura morta e cobertura viva)

A cobertura do solo é muito importante. A perda de solo (erosão), que no Brasil alcança pelo menos 500 milhões de toneladas por ano, pode causar grandes prejuízos aos agricultores, que perdem rapidamente a capacidade produtiva e, o que é pior, vão parar nos rios, córregos e lagos, provocando cada vez mais enchentes e destruição, além de poluir as águas, causando a morte de peixes e outros animais.

 

Boa parte dessa erosão poderia ser evitada pela cobertura permanente do solo.

 

A cobertura mortaconsiste na colocação de capim ou palha seca e outros materiais (5 a 10 cm) disponíveis na propriedade, nas entrelinhas das hortaliças cultivadas em espaçamentos maiores.

A cobertura morta mantém a superfície do solo sem a formação de crosta (superfície endurecida), evita a evaporação da água da chuva ou da irrigação, reduz a erosão, especialmente em solos inclinados, diminui a temperatura do solo no verão em até 10 C, quando comparado ao solo sem cobertura e, principalmente, economiza capinas devido ao menor surgimento de plantas espontâneas.

A cobertura viva consiste em cobrir o solo com adubos verdes de verão, por exemplo, como a mucuna, além de proteger o solo, desfavorece o surgimento de plantas espontâneas no verão, suprimindo ou abafando as mesmas. O feijão de porco, outra importante leguminosa de verão, além de proteger e melhorar a fertilidade do solo, através da alelopatia, inibe o desenvolvimento da tiririca ou j

Após o período crítico, as plantas espontâneas nas entrelinhas dos cultivos são consideradas “plantas amigas”, pois ajudam na cobertura (viva) do solo, auxiliando na manutenção da umidade e evitando a erosão.

 

 

Proteção das plantas (sombrite)

Mesmo em condições climáticas desfavoráveis é possível o cultivo de algumas hortaliças folhosas e outras, utilizando-se o sombrite.

No clima brasileiro, predominantemente tropical e subtropical, em muitos lugares, com a temperatura chegando a mais de 40ºC no verão é preciso diminuir o calor junto ao solo. As plantas também precisam da proteção de coberturas para evitar que a perda de água por evaporação seja muito grande. Além disso, com solo desnudo será necessária maior quantidade de água para atender as exigências das plantas cultivadas.

A cobertura com sombrite (tela que deixa passar 50 a 70% da luz) diminui a radiação solar nas horas mais quentes e os efeitos danosos das chuvas torrenciais sobre as plantas e solo.  O mais barato e prático é utilizar o sombrite sobre o canteiro, sustentado por arcos de bambu e amarrado, de forma que possa ser manejado, retirando-o totalmente ou parcialmente, quando necessário.

Em dias nublados, recomenda-se recolher parcialmente ou totalmente, para evitar que as plantas fiquem estioladas (definhem) por falta de luz. Já nos dias ensolarados e quentes, procura-se deixar o canteiro coberto, especialmente no período das 10 às 17 horas e, também, sempre que houver previsão de chuvas torrenciais.

 

 

Adubação verde

O solo pode estar esgotado em alguns nutrientes importantes, por isso está na hora de refazer a sua fertilidade. A adubação verde com leguminosas é uma boa opção no verão.

 

O milho consorciado com mucuna é uma dessas opções, pois além de obter-se um alimento nutritivo (milho-verde), o solo fica coberto, evitando a erosão e não dando chance para surgimento de plantas espontâneas (“mato”) e, o mais importante, melhora a fertilidade fornecendo nitrogênio e possibilitando a reciclagem de outros nutrientes, graças ao sistema radicular profundo da mucuna, que permite o reaproveitamento dos nutrientes que já estavam perdidos pelos cultivos anteriores.

Nos solos sem cobertura vegetal e, especialmente, com espécies de raízes superficiais, todos os nutrientes das camadas mais profundas se perderão e, o que é pior, vão parar nos rios, lagos e córregos, causando poluição e prejudicando os peixes.  Com o cultivo da mucuna, além de se evitar essa situação, suas raízes funcionam como verdadeiros descompactadores do solo, permitindo a entrada de ar e água de maneira adequada para os cultivos posteriores.

Os adubos verdes também atuam como “condicionadores” do solo, promovendo melhorias em suas características químicas, físicas e biológicas.

 

Plantio de Espécies rústicas

Escolha de espécies rústicascom boa e rápida cobertura do solo e resistentes ao calor, doenças e pragas é ideal, já que exigem menos cuidados no verão. Hortaliças que propiciam boa e rápida cobertura do solo como batata-doce, abóbora, moranga, repolho, aipim (mandioca) e milho-verde em cultivo solitário ou consorciado são as mais indicadas para plantio no final da primavera e com pleno crescimento no verão e outono.

 

Plantio direto e cultivo mínimo

Quanto menos revolver o solo, melhor, pois desfavorece a erosão causada pelas chuvas e mantém a umidade do solo, além de favorecer o plantio dos cultivos, mesmo em período chuvoso. Para o plantio direto ou cultivo mínimo, basta fazer uma roçada, utilizando a foice ou roçadeira manual, abrir e adubar as covas ou sulcos para o plantio das mudas ou semeadura.

 

  

Texto e imagens disponíveis em: Lar Natural