8 de fevereiro de 2016

Dengue, zica, chikungunya: dicas práticas para prevenir o mosquito em seu jardim

segunda, 08 de fevereiro de 2016

Por Flávia Bezerra

Mais de 1,5 milhão de brasileiros foram diagnosticados com o problema no em 2015. A maioria dos mosquitos tem foco domiciliar, ou seja, se reproduz no jardim e passa a viver no interior de casa

Febre alta, enjoo, manchas vermelhas pelo corpo e dores nas juntas, cabeça e olhos. Em 2015, 1.649.008 brasileiros sofreram esses sintomas e foram diagnosticados com dengue, segundo o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde. Os números colocam o Brasil em estado de epidemia da doença.

A região Sudeste concentrou 62,2% (1.026.226) do total de casos, seguida pelas regiões Nordeste, que teve 18,9% (311.519 casos) das ocorrências, e Centro-Oeste, com 13,4% (220.966 casos).

Se você tem jardim, ou cultiva plantas em casa, deve ficar ainda mais atento aos riscos de proliferação do mosquito transmissor das doenças. De acordo com o infectologista Ralcyon Teixeira, do Hospital Emílio Ribas (SP), a maioria dos mosquitos tem foco domiciliar, ou seja, se reproduz no jardim e passa a viver com você no interior de casa. “As pessoas têm que tratar todos os pontos de acúmulo de água, esteja ela limpa ou não. Isso inclui, principalmente, os vasos e pratos que abrigam flores e plantas que, de alguma forma, podem acumular a água da chuva ou da rega, como as bromélias e espadas-de-são-jorge”, diz o médico.

O Aedes Aegypti é um pernilongo de três pares de pernas longas e abdômen listrado nas cores preto e branco. Segundo Alessandro Giangola, coordenador das ações de controle na cidade de São Paulo, a transmissão da dengue não é vertical, ou seja, não passa de pessoa para pessoa. No entanto, no momento em que o mosquito fêmea pica alguém infectado, ele é contaminado. “Após a picada, o vírus transmitido ao mosquito ficará em período de encubação por até 15 dias. Depois desta fase, o Aedes vira transmissor de doenças e seus ovos podem, ou não, nascer contaminados”, informa Giangola.

Em altas temperaturas, o processo reprodutivo e de crescimento do mosquito acontece mais rápido. “No frio, o ovo vira larva e depois mosquito em 10 dias. Já em tempos de calor, todo o processo é concluído em até uma semana”, explica Giangola.

Sua proliferação acontece de maneira rápida, já que a fêmea – após estar infectada com o vírus – espalha por diferentes lugares uma média de 100 ovos. Os ovos, segundo Giangola, não vão ser depositados diretamente na água, mas em locais  úmidos, que provavelmente terão contato com líquido como, por exemplo, bordas de pneus ou pratos de plantas. Vale ressaltar que o mosquito adulto tem resistência a ambientes claros. Por conta disso, prefere se esconder em cantos escuros de superfícies verticais como na parte de trás de móveis e eletrodomésticos.

Confira abaixo 8 atitudes para impedir que o mosquito da dengue cresça no seu jardim

Como o mosquito é urbano e domiciliado, é preciso realizar, com frequência, a limpeza profunda (com água e sabão) de ambientes escuros e úmidos, como a parte de trás de móveis do banheiro e da cozinha e até debaixo da cama. Vale aplicar toda semana uma camada de inseticida diretamente nessas áreas.

Segundo Giangola, não é possível enxergar a olho nu o ovo do Aedes, que são encontrados nas bordas de objetos úmidos como, por exemplo, os pratinhos de plantas e comedouros de cachorros e gatos. A indicação é lavar diariamente esses utensílios com água e sabão.

Além da higienização, os pratinhos de plantas que ficam penduradas, como as samambaias, devem ser cobertas com terra ou areia para impedir o acúmulo de água. Outra maneira é deixar o recipiente ao contrário – servindo apenas de apoio à planta. As plantas aquáticas devem ter seus apoios lavados com água e sabão ao menos duas vezes na semana.

O regador, de acordo com Giangola, também merece atenção especial. Ao regarem as plantas, as pessoas acabam esquecendo um mínimo de água no objeto, o que já é um convite para o mosquito. Após cada uso, o objeto deve ser lavado, enxugado e guardado em ambiente seco.

Se você tem bromélias ou espadas-de-são-jorge, atenção! Esses dois tipos de planta acumulam água entre as folhas, sendo comum encontrar ovos ou até larvas do Aedes no interior delas. A indicação de Giangola é lavá-las duas vezes por semana com uma mangueira. “Dessa forma, se há a presença do ovo ou da larva nas folhagens, conseguimos retirá-los e, assim, interromper o ciclo de crescimento do mosquito”, afirma.

Pneus que viraram vasos de parede devem ter pequenos furos na parte inferior para escoamento da água da rega, ou da chuva. Também é necessário cobri-los com terra, ou areia, até a boca.

Manter os reservatórios de água da chuva tampados não é o bastante para impedir o mosquito. Ele é capaz de fazer o depósito dos ovos na borda do objeto em um momento de abertura da tampa. O ideal é higienizar constantemente esse reservatório com água e sabão e tratar a água para reúso com água sanitária. Para um recipiente de até 20 litros, 200 ml de água sanitária já são o bastante para manter o mosquito longe. Mas atenção: o uso do produto é indicado apenas em águas que não serão consumidas por humanos ou animais.

Disponível em Revista Casa e Jardim