10 de julho de 2017

A Jardinagem Como Terapia Ocupacional

segunda, 10 de julho de 2017

Por: Kaio Emmanuel Farias

Você já pensou nas possibilidades que o jardim pode trazer para a terapia ocupacional? Em como ele pode auxiliar as pessoas a se desenvolverem e se tornarem autônomas e independentes, de forma plena e feliz? Pois, por meio da jardinagem, e pelas características intrínsecas à atividade, podemos obter benefícios importantes para nossa saúde e bem estar, seja físico ou mental. O contato com a natureza, o ar livre, o mexer com a terra, o sol na pele, o canto dos pássaros, assim como o simples vislumbrar das flores e borboletas, já nos alimenta de beleza e alegria. Em doses regulares, é um tratamento valioso para tantos que precisam e uma manutenção igualmente importante para aqueles que já se encontram saudáveis. Afinal, quem nunca ouviu falar que o jardim relaxa e desestressa. Não é à toa que é o hobby de muita gente.

Quando passamos por problemas emocionais ou depressão, o mundo ao redor torna-se um campo minado, e a tendência é o isolamento. Essa postura leva-nos a um afastamento de atividades e pessoas, aumentando ainda mais o abismo entre a realidade e os nossos problemas. Essa dificuldade em dialogar com o universo ao nosso redor, traz um sentimento de que atividades corriqueiras podem ser deixadas de lado, que não tem importância diante de nossa dor. Quando esse sentimento de vazio chega, a primeira atitude que deve ser feita é a busca por profissionais. São eles que irão indicar os caminhos possíveis, entre o uso controlado de medicamentos, terapia ou atividades que tragam o paciente de volta à realidade e ao convívio social. É preciso muita força para seguir adiante.

O uso de medicamentos pode ser essencial para aqueles que sofrem de transtornos mais graves, e auxiliam no primeiro momento. Mas o acompanhamento terapêutico é fundamental para a grande maioria. Outra metodologia utilizada é a terapia ocupacional, difundida sobretudo após os trabalhos de Nise da Silveira. A psiquiatra brasileira observou durante muito tempo pacientes com distúrbios graves. Eles eram colocados em instituições e esquecidos pela família e médicos. Os métodos utilizados não contemplavam a melhora, e eram paliativos. Foi somente através da terapia ocupacional que ela compreendeu que o caminho para a cura está ligado diretamente às atividades que possam trazer prazer aos pacientes. O uso da arte, da música e dos movimentos auxiliam de maneira eficaz. A vida e obra de Nise foi tema do filme Nise, dirigido por Roberto Berliner e trazendo a premiada atriz Gloria Pires no papel título.

Produzir arte dá sentido a uma vida que se julga sem valor. Há também uma outra técnica que vem se mostrando eficaz: a jardinagem. Primeiramente, entrar em contato com a natureza, por si só, já traz grandes benefícios, pois sentir o sol, assim como tocar na terra e em seus frutos traz um grande bem estar. Afinal, produzir aromas e cores é um grande incentivo para iniciar os trabalhos.

Além disso, o fator saúde é amplamente beneficiado. Sabemos que o sedentarismo é um dos males de nosso século. Milhares de jovens e idosos passam seus dias sentados, entregues por vezes a atividades que pouco contribuem para uma vida saudável. Aliado à péssima alimentação, isso se torna um combustível para doenças das mais diversas, desde atrofiamento de músculos, aumento de dores e problemas vasculares. Dedicar-se à jardinagem requer uma movimentação que, mesmo leve, minimiza os efeitos desses males. Isso por si só já é um bom motivo, já que evita-se o uso de possíveis medicamentos para dores ou problemas de saúde.

Mas você pode estar pensando: não tenho um local que possa servir para iniciar um jardim, nem mesmo moro em uma casa, e sim num apartamento! Pois saiba que isso não se configura em um problema, já que qualquer cantinho pode abrigar um pequeno jardim, até mesmo uma varanda. Há ainda aqueles que investem em jardins suspensos, colocados na própria sala de estar, e que dialogam com a decoração da casa, trazendo cores e aromas ao ambiente.

Inicialmente procure as melhores opções, dependendo do espaço possível. Experimente plantar flores das mais diversas, pequenas plantas, ervas ou até mesmo investir em uma hortaliça. Com isso a auto estima só tende a aumentar, já que tira-se o foco de si mesmo e começa-se a cuidar de algo. Dessa maneira, a resignação definitivamente passa a ser riscada do seu dicionário. O cuidado com algo que precise de nós nos fortalece, já que percebemos o quanto o mundo é amplo de possibilidades e que há algo que necessita também da nossa ajuda. Assim, a depressão e a fadiga são deixadas de lado. Afinal, quem não abre um belo sorriso ao perceber que um trabalho, um belo trabalho seu, deu resultados positivos?


Foto: Freepik

Disponível em: Jardineiro.Net