A Dança das Culturas

Você já colheu as hortaliças que foram plantadas. Agora, os canteiros estão vazios ou quase…É hora de plantar de novo. E, dessa vez, o que será? Vamos repetir a cenoura que deu lindamente? Vamos plantar alface naquele mesmo canteiro onde ela se deu tão bem? E os tomatinhos… vale a pena repeti-los naquela parte do terreno?

A resposta é uma só: as hortaliças gostam de variar de lugar. Gostam de se revezar e de “dançar” umas com as outras dentro da saudável técnica da rotação de culturas, tema que você acompanha a seguir.

 

Primeiro passo:

Após as colheitas deve-se revolver o solo dos canteiros novamente, fazer a adubação e escolher uma nova cultura. Isso porque o plantio contínuo de uma mesma hortaliça, da mesma família, no mesmo lugar, acaba esgotando o solo em relação aos nutrientes específicos que aquela planta exige. Por si, esse ponto já vai tornar o desenvolvimento da planta sucessora, muito mais fraco.

Outra vantagem da rotação: quando repetimos as famílias de plantas sempre no mesmo lugar, estamos, sem querer, atraindo predadores e doenças também específicas de tais plantas. Como se os insetos já conhecessem aquela “praia” e soubessem qual o “prato do dia” que ali está servido, no caso, aquela planta ou plantas da mesma família botânica de sempre.

E, como planejar essa rotação de forma equilibrada?

Segundo passo:

O melhor é fazer a rotação de cultura com famílias diferentes. Por exemplo: pimentão e tomate são da família solanácea, então podem se revezar com a família brássica, que tem como membros a couve, o rabanete, a rúcula, etc.

Outro ponto para determinar de forma eficiente essa rotatividade é alternar hortaliças de folhas (alface, couve, almeirão, etc.), de raízes (beterraba, cenoura, nabo, rabanete, etc.)  e de frutos ou flores (tomate, ervilha torta, brócolis, couve-flor, etc.) , tendo sempre presente a qual família pertencem.

Terceiro passo: Amigos vem para ajudar.

Os membros da família fabácea (feijão, feijão-de-vagem, ervilha, grão-de-bico, lentilha, etc.) devem ser incluídos pelo meio dos canteiros, nas bordas ou em algum lugar perto das hortaliças. Além de melhorar a estrutura do solo, eles incorporam nitrogênio.

Também é importante a presença de flores na horta para atrair insetos e proteger as hortaliças. Ou mesmo, para atrair certos insetos que se alimentem das “pragas” dos legumes e verduras plantados. Por exemplo, todo mundo conhece a joaninha e sabe que ela é atraída pelas flores e que sua presença entre as plantas faz os pulgões estremecerem… já que eles são o prato predileto da graciosa joaninha.

Quarto passo: quando as colheitas terminarem, a vida continua e seus restos podem e devem ser incorporados ao solo para melhorar suas condições físicas.   

Resumindo…

A rotação de culturas faz com que a terra seja permanentemente regenerada e restaurada, inclusive por meio das plantas espontâneas, aquelas que nascem sem que ninguém tenha plantado (e que em muitos casos chamamos de PANCs). A simples prática de movimentar e trocar as culturas auxilia que os vegetais sejam mantidos com vigor pela renovação natural que as próprias plantas vão trazendo aos canteiros e aos locais onde vão sendo plantadas de forma ordenada, organizada e alternada.

O quadro das Principais Famílias:

ASTERACEAE (antiga Compositae): alface, girassol, margarida, etc.

FABACEAE (antiga Leguminosae): feijões, ervilha, grão-de-bico, lentilha, jatobás, etc.

APIACEAE (antiga Umbeliferae): cenoura, aipo, salsa, erva-doce, etc.

MALVACEAE: quiabos, hibiscos, etc.

POACEAE (antiga Gramineae): milhos, cevada, trigo, etc.

AMARANTHACEAE (antiga Chenopodiaceae): beterraba, acelga, espinafre, amaranto, etc.

BRASSICACEAE: rabanete, nabo, agrião, mostarda, brócolis, couve, couve-flor, rúcula, etc.

SOLANACEAE: tomate, berinjela, jiló, batata, pimentão, etc.