14 de julho de 2014

Utilidades da fibra do coco que resultam em oportunidades de negócios

Um dos hábitos mais sedimentados na cultura das cidades brasileiras é o consumo do coco verde. O clima tropical do País estimula a venda do produto “in natura”, que agrega propriedades específicas de um alimento saudável – atualmente um forte motivador de consumo pela sociedade brasileira.

De acordo com o documento “Evolução da produção de coco no Brasil e o comércio internacional – Panorama 2010” – publicado em 2011 – pela Embrapa, poucas são as informações oficiais que dizem respeito sobre o consumo de água de coco no País. Mas estima-se, que o coco vendido de maneira informal, respondam por 80% do volume consumido no país.

De maneira geral, pequenos produtores constituem a maior fatia da produção de coco (85%), comercializando suas produções por meio de atravessadores (intermediários e terceirizados da indústria) ou então, comercializam suas produções diretamente com as indústrias processadoras.

Dentre os 10 maiores estados produtores de coco do Brasil, 7 são da região Nordeste. A liderança da produção é do Estado da Bahia, seguido de Sergipe e Ceará. Estes estados juntos correspondem a mais de 50% da produção de coco nacional.

Mas a cultura do coco se destaca também pela gama de produtos que podem ser explorados a partir da fruta, tornando-a um importante recurso vegetal para a região. De acordo com o relatório da Embrapa, estima-se que o consumo nacional de água de coco por áreas como medicina, biotecnologia, nutrição, entre outras, estejam ao redor de 100 a 350 milhões de litros por ano, com uma taxa de crescimento anual de, aproximadamente, 20%.

Desperdício que gera perda de renda

Em contrapartida, há muito desperdício da casca do coco. Para que se tenha uma ideia, veja o diz a Agência de Informação Tecnológica da Embrapa a respeito: no Nordeste, são cultivados 224.918 hectares de coqueiros IBGE (2009), o que resulta em uma produção anual de resíduos do coqueiro na região de, aproximadamente, 729 mil toneladas de casca; 595 mil toneladas de folhas e 243 mil toneladas de inflorescência, totalizando 1 milhão e 567 mil toneladas de resíduos.

A maior parte da casca produzida no Brasil, quando não é jogada no lixo, é incinerada nos locais onde se faz o descascamento dos frutos. Dessa maneira descarta-se também uma quantidade significativa de material de alto valor para a indústria e para a agricultura. Além desses desperdícios, ainda há o descarte no meio ambiente após o consumo da água de coco, o que torna a casca seca e inviabiliza o seu uso.

Enquanto os resíduos de 1 coco verde demora, em média, 12 anos para se decompor no meio ambiente, cada 125 cocos reciclados economizam 1 metro cúbico de espaço nos aterros sanitários.

Por tudo isso, é preciso olhar para a casca do coco verde como uma oportunidade de negócio. A Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) destaca que os ecoprodutos representam hoje tanto um mercado promissor como também um nicho de mercado.

Historicamente a casca de coco (fonte de pó e fibra) sempre foi tratada como lixo ou material residual, mas atualmente a evolução dos conhecimentos técnico-científicos possibilita que o material tenha várias utilidades, gerando, com isso, inúmeras oportunidades de negócios.

Historicamente a casca de coco (fonte de pó e fibra) sempre foi tratada como lixo ou material residual, mas atualmente a evolução dos conhecimentos técnico-científicos possibilita que o material tenha várias utilidades.

As características da fibra, como coloração uniforme, elasticidade, durabilidade e resistência à tração e à umidade, oferecem muitas possibilidades de utilização como matéria-prima natural para a indústria. Mas a qualidade da fibra depende da variedade cultivada, do processo de extração, do grau de maturação do fruto e das condições climáticas do local onde se faz o cultivo.

A mais recente prova da versatilidade da fibra é resultante da sua impregnação com látex: é a fibra emborrachada, usada na manufatura de colchões de mola, estofamento de carros e almofadas. Graças à extraordinária elasticidade e resistência, a sua aplicação na indústria como material de acolchoamento parece ilimitada, sendo usada nas indústrias automobilística, de ar condicionado e de instalações acústicas.

No Brasil, os principais produtores de fibra longa, fibra curta e pó são os estados de Sergipe e Ceará e de fibra mista o Estado de Pernambuco. Toda a produção se destina ao mercado interno, mas o aproveitamento industrial da casca de coco no Brasil ainda é muito baixo, caracterizando um espaço de mercado a ser preenchido por empresários atentos às oportunidades de negócios.

Texto na íntegra disponível em SEBRAE