4 de maio de 2022

Podar sem ferir

Critérios e atitudes para cuidar bem das árvores

Antes de acionar o serrote pare e pense: Como vou tratar dessa árvore? Com indiferença ou com a decisão de protegê-la? A poda é um momento difícil para a planta e delicado para quem vai executá-la. Durante o manejo podemos reparar e curar ou reprimir e trazer sofrimento. Tudo depende de nossa atitude e de algum conhecimento prático.

Critérios objetivos

  1. Uma poda realmente útil: a que libera as plantas do peso desnecessário de galhos mortos, quebrados ou doentes que dificultam o crescimento prejudicando a aeração da copa, iluminação e circulação da seiva, favorecendo a proliferação de pragas e moléstias. Praticamente só nesses casos o procedimento da poda pode realmente valer a pena. Podar por podar estressa e reprime a expressão do vegetal que sente dor assim como prazer.
  2. Nunca corte ou encurte o ponteiro ou galho central: a planta pode ficar “desorientada” em termos de crescimento e sustentação. Se não houver outro jeito e o galho precisar ser mesmo cortado, eleja imediatamente um substituto como mostra a ilustração abaixo. Durante os primeiros meses, o novo guia deverá ser estaqueado para não pender. Após se firmar, retire a estaca.

Na falta do galho central original, a eleição de um novo ponteiro é fundamental.
Ele garante a guia e proteção da árvore.

  1. Remova galhos enviesados, cruzados e malformados que danifiquem o equilíbrio do formato original. Exemplo: quando dois galhos se tocam, o atrito pode ferir a casca de ambos, deixando a árvore exposta a doenças. Corte um dos dois.
  2. Os galhos não sobem à medida que a árvore cresce. A única maneira de eliminar os galhos muito baixos é cortando-os. Porém esse ponto é bastante pessoal. Conheci uma árvore que tinha ramos belíssimos que quase encostavam no chão dando-lhe um aspecto harmonioso e muito peculiar. Já em outros casos, como, por exemplo, o dos eucaliptos, a história é outra: eles não gostam de galhos muito baixos. Podemos cortá-los para dar mais elegância à árvore.
  3. Sobre os “ladrões”: uma poda pode dar à árvore uma sensação de renovação e estimular o surgimento de brotos vigorosos e super-eretos, os chamados brotos ladrões que desvitalizam os ramos desviando para si reservas de nutrientes. Remova-os pela base, se possível durante o inverno – período de dormência vegetal.
  4. Galhos doentes podem ser cortados como medida de caráter sanitário. Porém, antes devemos ver se aquela doença ou praga não pode ser tratada. É como entre as pessoas, não é porque um membro do corpo está doente que devemos extirpá-lo sem antes buscar outra saída. Observe, peça ajuda para identificar o problema e cuide da planta! Caso ela não possa ser tratada por questões de dimensão da própria praga ou doença, então, sim, vamos recorrer à poda para evitar que o problema se alastre ainda mais.

 

Cientistas registraram vegetais liberando etileno no momento do corte.
No ser humano o etileno funciona como anestésico.
Para a Natureza criar esse recurso, imagine a dor que as plantas sentem, embora, ao contrário dos animais, não possamos ouvi-las gritar ou chorar.

 

Critérios subjetivos

  1. Atenção e sensibilidade. Quando percebem que estamos procurando fazer o melhor, as plantas começam a se comunicar. Avise-as, por meio da fala ou do pensamento, que serão podadas. Por exemplo: se vou podar para dar mais saúde e vigor, avisar a planta sobre isso e pedir-lhe ajuda para que nos oriente. Se for cortar um galho porque ele está atrapalhando, comece pedindo desculpa para a árvore por ela ter sido colocada em um local não conveniente ou por um engano ter sido cometido ao se construir próximo a ela, alguma coisa com que não possa conviver.
  2. Cuidado com podas muito entusiásticas, as podas malfeitas deixam danos irreversíveis. Antes de podar, aquiete-se. Respire fundo e entre em sintonia com a planta. Assim as chances de erro diminuirão.
  3. Na hora do corte, é importante manter a clara intenção de aliviar o vegetal para que possa cumprir melhor seu papel dentro da Natureza.
  4. Tenha fé e passe isso para a planta: a poda resultará em mais beleza, reforçará a estrutura e o bom aspecto.
  5. Realize as podas só quando tiver tempo disponível. A pressa nessa tarefa, desvia a atenção em um momento em que devemos estar inteiros. Afinal uma poda é uma cirurgia. Imagine “médicos” desatentos e apressados.


TOQUE VERDE

O mais importante: o coração da gente estar presente nesses cuidados. É o amor que cura, aumentando a imunidade de todos os seres vivos.

Durante atencioso trabalho de poda em uma mata, este cipó foi cortado ao meio.  Olhe o que apareceu!  Sinais de marcas formando lindos sorrisos. Alegria em retribuição ao amor recebido?

 

Linha PODA da TRAPP

Para tratar árvores e outras plantas com carinho e precisão no manejo.

   

 

Autora: Cynthia de Oliveira