Árvores e Água, união absoluta

Por: Cynthia de Oliveira Frank

Ciclo Hidrológico – o ciclo da água, o qual depende totalmente de cada espécie de árvore.

Todo o princípio da vida está contido nesse mecanismo sagrado que se divide em quatro etapas:

  1. Condensação

Ao evaporar pela ação do calor, as águas de oceanos, rios e lagos condensam-se na atmosfera formando nuvens.

E para continuar a existir rio, lago e oceano alimentado por rios é preciso vegetação ciliar que os proteja.

  1. Precipitação e escoamento

Essas águas que se condensaram formando nuvens retornam por precipitação (chuvas, neves) à superfície terrestre. Uma parte vai alimentar o volume das águas superficiais, escoando pelos leitos dos rios até atingir os oceanos. Outra parte vai infiltrar na terra dando origem aos reservatórios subterrâneos.

Se essa água encontra uma terra compactada por um processo de desertificação, sua infiltração torna-se muito mais difícil. São as árvores, as facilitadoras da penetração da água por meio de raízes que descompactam o solo, e de copas e folhas que diminuem o impacto das fortes chuvas (em um solo duro as preciosas gotas apenas batem e saltam sem penetrar).

Agora, pense que para se transformar em lençol subterrâneo essa água que cai dos céus, leva na realidade, muito tempo, às vezes séculos. A água que hoje aflora do solo caiu das nuvens há mais de 50 anos (quando o mundo era mais abundante em vegetação).

Então, as chuvas que hoje caem estão preparando as águas que poderão emergir do solo daqui a décadas. E se não houver matas?

  1. Infiltração

A água de chuva que conseguiu infiltrar no solo e abastecer o lençol freático se acumulou em função desse lençol estar sobre uma camada impermeável. Quando a camada impermeável encontra com a superfície do solo surge a nascente de encosta. Esse tipo de nascente ocorre principalmente nas encostas, serras e grotas de regiões montanhosas. Hoje muitas nascentes estão desaparecendo não só pela falta das chuvas, mas pelos desmatamentos que tornam o solo impermeável e, principalmente, pelos soterramentos frequentes, visto que não há árvores para conter o solo e impedir deslizamentos de terra.

Concluímos que para preservar as nascentes temos que preservar a vegetação ao seu redor e manter bem abundantes em vegetação as áreas de recarga dessas nascentes, que começam nos topos de morros mais próximos.

  1. Evapotranspiração

Na última etapa do Ciclo Hidrológico, a parcela de água que penetrou o solo participa da manutenção da vegetação e retorna à atmosfera por meio da evapotranspiração, que nada mais é do que a transpiração das folhas que umedecerá o ar permitindo a continuidade permanente do ciclo das águas! Uma parceria que nos diz ainda mais…
Todas as árvores do planeta não só asseguram a presença das chuvas como transformam suas gotas em alimento para a vida. A água de chuva (água destilada) vira a água que conhecemos como água mineral, quando em seu trajeto até o lençol freático interage com os minerais da terra disponibilizados por meio das raízes arbóreas. Aí ela se torna água alimentícia ou ‘sábia’ – aquela que obteve informações de vários elementos durante o caminho.

Você sabia que o seu celular depende das árvores para funcionar?
Em geral, todo celular precisa de energia elétrica para ser recarregado. A energia elétrica depende da usina hidrelétrica que depende das águas para gerar energia. As águas dependem das árvores para proteger seu curso e as nascentes vivas. Não existe nada no mundo que sobreviva sozinho. Nem mesmo as mais avançadas tecnologias.

Sobre a recomposição florestal em torno das nascentes:

  1. Observe se existe uma regeneração natural da vegetação com plantas como carrapicho, lobeira, assa-peixe, jaborandi, guamirim, alecrim do campo, maria-mole, etc. Se esta for a situação, você só precisa cercar o olho d`água, mantendo uma distância ideal de 50 metros ao redor dele e deixar que a mata prossiga seu desenvolvimento.
  1. Se houverem poucos arbustos, além de cercar a nascente será preciso plantar algumas árvores, seguindo os mesmos critérios das matas ciliares, isto é: escolher bem as espécies, observar a distribuição correta e a quantidade. Dentro da área cercada recomenda-se plantar de 30 a 80 árvores, a depender do tamanho do terreno, do potencial de regeneração natural e do ecossistema local. Nessa quantidade as árvores irão atrair pássaros e outros animais que trarão novas sementes para recompor a vegetação. 
  1. Além de plantar e não desmatar, outro mandamento para a conservação dos olhos d´água é nunca implantar pastagens, culturas de alimentos ou descartar lixo e mineração nas áreas que vão das nascentes até os topos de morro próximos, pois são áreas de recarga das águas consideradas de Preservação Permanente.
  1. O plantio de árvores próximo às nascentes tem os mesmos objetivos da recomposição ciliar: aumentar a infiltração da água das chuvas no solo e segurar a terra arrastada pelas enxurradas, impedindo o soterramento da preciosa e abençoada água.