10 de fevereiro de 2014

Chia: a semente dos deuses astecas

segunda, 10 de fevereiro de 2014

Elas lembram um pouco as sementes de papoula, mas são na realidade sementes de chia (Salvia hispanica L.). Estas sementes pequenas escuras, brancas ou acinzentadas, já estão sendo consideradas por muitos especialistas em nutrição um superalimento da natureza.

Durante muitos séculos, as sementes de chia foram ingrediente fundamental na alimentação dos astecas e maias. No México, ainda hoje, é comum ouvirmos a receita popular de que uma colher de sementes de chia é suficiente para sustentar uma pessoa durante um dia inteiro.
Antes da conquista da América, a chia era um alimento básico para as civilizações da América Central e do México. Seu cultivo foi, provavelmente, o terceiro maior em importância, perdendo apenas para o milho (Zea mays) e o feijão (Phaseolus vulgaris). 

A chia era a ração de sobrevivência dos guerreiros astecas. O valor destas sementes era tão grande que os astecas a utilizavam para pagar seus impostos e as tinham como moeda de troca. Tudo isso pode explicar porque “chia” é a palavra maia que significa “força”.

A expansão do cultivo da chia foi interrompida no século XVI quando os conquistadores invadiram a América, após a chegada de Cristóvão Colombo. A chia foi combatida até quase sua extinção, por seu uso ser considerado um sacrilégio. Isso porque as sementes de chia, por muitas vezes, era o principal elemento presente nas cerimônias religiosas dedicadas aos deuses astecas.  Num dos rituais, brotos de chia eram oferecidos a deusa Chicometóatl, durante o festival de “la veintena de hueytozoztli”. Era comum também as sementes serem usadas como oferendas nos altares.

Mas esse não foi o único motivo da decadência do cultivo. Suplantado pelos cereais trazidos pelos conquistadores espanhóis, o cultivo da chia praticamente desapareceu durante a colonização, sobrevivendo isoladamente apenas em áreas montanhosas do México – onde é cultivada comercialmente até hoje – e da Guatemala. O maior centro produtor no México está em Acatic, Jalisco, de onde se exportam quantidades crescentes para Japão, EUA e Europa.

Um superalimento

As sementes de chia são ricas em antioxidantes, cálcio, ferro, fósforo, selenio, potássio e magnésio. São ainda uma boa fonte de proteínas, contem todos os aminoácidos essenciais e fornecem fibras solúveis e insolúveis. A chia é considerada uma das melhores fontes de ômega 3 e 6, proporcionando o balanço perfeito entre os dois, o que é considerado ideal para uma alimentação saudável.

Assim como as sementes de linhaça, as sementes de chia pertencem ao grupo das sementes mucilaginosas, isto é, elas se transformam num gel incolor quando entram em contato com a água. Estas mucilagens são muito benéficas para o bom funcionamento intestinal, além de aumentar a sensação de saciedade, muito útil nos regimes para emagrecimento.

Esse gel também é considerado excelente para diminuir a acidez estomacal. O consumo de 1 colher (chá) de sementes de chia dissolvidas durante alguns minutos num pouco de água, ajuda a controlar a azia. A receita é recomendada para pessoas que sofrem com problemas de refluxo.

O consumo regular das sementes de chia pode ser um grande aliado para a saúde, uma vez que suas propriedades são benéficas como auxiliares na manutenção dos bons níveis da pressão arterial e da diabetes. Além disso, por sua riqueza nutricional e pelo fato de saciarem a fome, as sementes são muito úteis para atletas que precisam de um aporte extra de energia e para pessoas em dieta para controle de gordura e perda de peso.
E como são isentas de glúten, são uma excelente opção também para celíacos.

As sementes de chia podem ser consumidas, inteiras ou moídas, misturadas a cereais, iogurtes, saladas, vitaminas, sucos, sopas, etc. Moídas podem substituir uma parte da farinha nas receitas de pães, biscoitos ou bolos.

Ficha da Planta

Nomes Populares: Chia; chia dourada
Nome Científico: Salvia hispânica L.
Gênero: Salvia
Família: Lamiaceae
Divisão: Magnoliophyta

A Chia (Salvia hispânica L) é uma planta herbácea da família Lamiaceae. Trata-se de uma planta anual que atinge até 1 m de altura. Apresenta folhas opostas, com cerca de 4 a 8 cm de comprimento e 3 a 5 de largura. As flores são hermafroditas, vão do roxo ao branco e surgem em espigas nas pontas dos ramos. Após a maturação, as flores dão origem a frutos aquênios. A semente, rica em mucilagens e óleos, mede cerca de 2 mm de comprimento por 1,5 mm de largura e é oval, brilhante, de coloração que vai do bege ao acastanhado escuro.

A planta se dá bem em solos de leves a médios e bem drenados. Como a maioria das sálvias, tolera bem a acidez do solo e é bem resistente à seca, mas não suporta geadas. Seu cultivo necessita de sol abundante, pois não frutifica bem à sombra.

Curiosidades:

O consumo da Chia é popular no México. Lá, a chia é considerada um superalimento, os mexicanos costumam dizer que 1 colher das sementes é suficiente para sustentar uma pessoa por 24 horas. Uma bebida muito popular no México, conhecida como Iskiate, é preparada com a sementes de Chia. Aí vai a receita:

Chia fresca (Iskiate)
1 copo de água levemente morna
2 colheres de sementes de Chia
Suco de 1 limão
Açúcar mascavo ou mel para adoçar

Misture todos os ingredientes. Se desejar, leve à geladeira para ficar bem geladinho antes de servir.

Fonte: Jardim de Flores
Disponível em: http://www.jardimdeflores.com.br/floresefolhas/A58chia.htm