24 de maio de 2022

Dando um emprego para as árvores

Eleja as árvores para serem suas grandes amigas. Partilhe a vida com elas.

Quando uma árvore tem um uso específico em algum setor da vida é como se ganhasse um trabalho, um emprego cuja remuneração será simplesmente se sentir útil, a serviço de algo que sua espécie sabe fazer muito bem.

No caso deste serviço ser próximo às áreas de moradia, pense no plantio de espécies que possam se destacar (e, quem sabe, virar suas amigas e confidentes) ou plante para que as árvores cumpram papéis bem definidos.

A escolha pode ficar a cargo tanto de árvores nativas como exóticas (que foram introduzidas de outros países, mas que podem se dar muito bem em nossas terras, como por exemplo, o flamboyant). Como a variedade de espécies é grande, opte sempre por aquela mais adequada à função que irá exercer e à região onde será plantada (procure se informar sobre essa adaptação). Uma árvore plantada no lugar certo será sempre digna de admiração, mas lembre-se: perto das casas, cuidado com galhos longos ou com sombreamento em locais frios. As de grande porte, longe das construções. O ideal é planejar bem o espaço para não prejudicar a árvore no futuro.

 

Um ótimo emprego: diminuir o efeito dos ventos

Arbustos e árvores bloqueiam ou filtram as correntes de ar, protegendo a casa, as plantações e os animais de ventos que podem soprar com forte intensidade como os vindos do Sul ou noroeste. Para desviá-los forme barreiras: primeiro uma fileira externa de vegetação mais baixa; depois uma fileira intermediária que atinja cerca de 2 m acima da primeira, com árvores de porte médio; e por fim uma fileira de grandes árvores formando a parte mais alta do quebra-vento. O espaçamento entre as linhas vai de 4 a 5 m e o espaçamento entre as plantas de 2 a 4 m para as árvores da primeira e segunda fila e de 3 a 6 m para as árvores mais altas.

Alguns exemplos que se dão bem nessa função:

Exóticas:
Para a fileira externa: resedá (Lagerstroemia indica); grevílea–anã (Grevilea banksii); pau-incenso (Pittosporum undulatum).
Para a fileira do meio: casuarina (Casuarina stricta); cedrinho (Cedrus lusitania); grevílea-robusta (Grevilea robusta); amoreira (Morus nigra); tipuana (Tipuana tipu).
Para a fileira alta: eucaliptos em geral (Eucalyptus spp.), cinamomo (Melia azedarach), bambú (Bambusa vulgaris).

Nativas do Brasil:
Para a fileira externa: maria-mole (Dendropanax cuneatum); capororoca-ferrugem (Rapanea ferruginea); suinã (Erytrina mulungu).
Para a fileira do meio: peroba-poca (Aspidosperma cylindrocarpon); primavera-arbórea (Bougainvillea glabra); quaresmeira (Tibouchina granulosa); sansão-do-campo ou sabiá (Mimosa caesalpiniaefolia); pau-pereira (Platycyamus regnelli).
Para a fileira alta: monguba (Pachira aquatica); aldrago (Pterocarpus violaceus).

 

O trabalho de ser guardiã ou cerca-viva

As plantas com essa função, além de protegerem a moradia, mantêm a privacidade de alguns espaços e delimitam caminhos. Substituem muros e nas áreas de horta ou de criação animal substituem as cercas de arame.

Para esse fim, o encanto pode ficar a cargo de algumas espécies nativas que por seu porte pequeno ou médio, e sua bela floração, têm todas as condições de servirem como “cerca”.

Além disso, os pássaros vão apreciar seus frutos e as abelhas terão uma boa fonte de néctar.

Algumas sugestões: pitanga (Eugenia uniflora); araçá-roxo e araçá-amarelo (Psidium cattleianum e Psidium myrtoides); guaçatonga (Casearia sylvestris); manacá-de-minas (Tibouchina sellowiana); espinho-de-jerusalém (Parkinsonia aculeata); flamboyant mirim (Caesalpinia pulcherrima).

 

Árvores de grande porte não devem ser plantadas como cerca por precisarem de maior espaço para se expressarem livremente.

O trabalho de adornar alamedas

Na estradinha de acesso à casa ou nas trilhas para passeios a pé, a sombra garantida das árvores plantadas nas laterais de ambos os lados proporciona beleza e bem-estar.

No caso da entrada da propriedade, o plantio de árvores nativas mostra a quem chega um pouco da fisionomia da região. As alamedas de araucárias no sul do Brasil, ou de palmeiras e coqueiros nas regiões nordeste e de cerrado, são dois bons exemplos de utilização de vegetação local em caminhos de acesso.

Se a opção for pelas árvores exóticas, um caminho de eucaliptos plantados de maneira uniforme sempre tem um ótimo impacto visual. Em qualquer situação, consulte um viveirista para saber o melhor espaçamento – muito distantes entre si as árvores não chegam a fechar o caminho; muito próximas correm o risco de não se desenvolverem adequadamente.

 

Não é um tronco pintado, mas a coloração natural do Eucalyptus deglupta, uma das 900 espécies de eucaliptos nativos da Austrália. As cores do deglupta o levaram a ganhar o apelido de Eucalipto Arco-íris. Atualmente pode ser encontrado em países de clima tropical e pode ser uma linda opção paisagística.

 

Excelentes faxineiras do ar e climatizadoras

Qualquer tipo de árvore, em qualquer situação, tem como trabalho regular o clima e limpar o ar. Para efeito paisagístico, em praças públicas, ruas, avenidas ou em grandes ou pequenas propriedades, devemos ter presente essa atribuição da Natureza e sempre plantar árvores, ainda que seja apenas para manter a saúde dos moradores de uma cidade ou de nossa própria família. É importante lembrar que apenas 12m² de área verde já influenciam o microclima, melhorando a qualidade da vida de todos. Então, se você não tiver muito espaço, plante árvores de pequeno ou médio porte mesmo em vasos. Principalmente em áreas urbanas isso tem um valor incalculável!

 

Autora: Cynthia de Oliveira