30 de abril de 2018

Problemas na compostagem: identifique as causas e conheça soluções

Problemas na compostagem: identifique as causas e conheça soluções

segunda, 30 de abril de 2018

Aconteceram coisas estranhas com a sua composteira? Veja como solucionar

Aderir a um sistema de compostagem em casa, comprando uma composteira doméstica, é barato e fácil, porém elas necessitam de cuidados com sua manutenção. Desse modo, os resíduos orgânicos podem ser reciclados e transformados em adubo. Acompanhe a seguir alguns passos de como resolver certos problemas com sua composteira.

Excesso de umidade

No caso da vermicompostagem, o excesso de umidade dificulta a locomoção das minhocas, porque o composto fica escorregadio e afeta a aeração do processo. Para saber se a sua composteira doméstica está com excesso de umidade, aperte a mistura para verificar se existe gotejamento de líquido ou não. Se houver gotejamento, coloque mais material seco (preferência para a serragem, folhas secas, material palhoso seco e terra vegetal seca). Em seguida, remexa a mistura.

Se sua composteira estiver seca, acrescente pedaços de fibra de coco umedecida, vegetais frescos ou mesmo água. Saiba mais na matéria “Umidade dentro da composteira: fator muito importante.

Procure sempre regular a umidade e mantê-la a 55%. Verifique também se o ar está circulando direito. Os líquidos também interferem na temperatura do processo de compostagem. Segundo estudo, materiais com 30% de umidade inibem a atividade microbiana e um material com mais de 65% pode proporcionar decomposição lenta, extração de nutrientes e condições de anaerobiose.

Temperatura

Para a compostagem seca, finque uma barra de ferro na mistura, para funcionar como um termômetro. A temperatura deve ficar em torno de 60º C. Se estiver abaixo quer dizer que o processo está lento, o que pode ser provocado pela baixa umidade. Por isso, faça o teste da umidade, mas caso não seja isso, provavelmente tem pouco material orgânico. Basta, então, colocar mais resíduos e mexer novamente. Veja mais na matéria “Condições básicas para manutenção da composteira: temperatura e umidade”.

Odores desagradáveis

Composteira de vermicompostagem exposta a sol e chuva é igual a mau cheiro. Pois, se esse sistema receber água e calor, a mistura vai fermentar, ou seja, gerar metano e outros gases e eventualmente exalar mau cheiro, podendo causar um desequilíbrio no PH do sistema. Se isso acontecer, retire a tampa de sua composteira por algum tempo, remexa o conteúdo e acrescente um pouco mais de material seco e não coloque novos resíduos por uns dois dias. Ao depositar os resíduos, procure dosar o material seco com o molhado – com isso, você evita o excesso de umidade, e consequentemente, o mau cheiro.

Acidez

No inicio do processo o pH deve estar em torno de 5 e deve terminar estável entre 7,0 e 8,5. Para manter o pH ideal é necessário a presença de oxigênio, na compostagem seca, a frequência de aeração deve ser maior (duas a quatro vezes na semana) e, no caso da vermicompostagem, é possível revirar o material orgânico apenas uma vez por semana, pois as minhocas fazem túneis nas pilhas, o que promove bastante a aeração. Não adicione nada mineral ou químico na mistura para regular o pH. Saiba mais detalhes sobre o pH na matéria

“Qual é a influência do pH na compostagem?”.

Para medir o pH da sua composteira é possível adquirir medidores que são simples de usar, você pode encontrar na loja eCycle. Ou você pode fazer seu medidor em casa, veja como na matéria “Faça você mesmo: medidor de pH caseiro”.

Minhocas fugindo

As minhocas podem começar a fugir da composteira devido a condições do ambiente. Se faltar comida na sistema ou se a umidade estiver muito alta elas irão escapar da composteira e provavelmente morrer, portanto é importante seguir os passos já explicados anteriormente para controlar esses fatores.

Outro motivo é o calor excessivo, este pode ser causado pela própria temperatura ambiente ou pelo processo natural da fase termofílica. Para a primeira causa é necessário mudar a composteira de local, para onde haja sombra e ventilação. Para proteger as minhocas do calor natural gerado pela decomposição, separe a cama das minhocas dos resíduos, assim elas poderão se refugiar em caso de condições desfavoráveis. Você pode deixar em um canto o material já estabilizado, o próprio húmus, e no outro canto ir adicionando os restos de alimento e serragem.

A adição de certos elementos na composteira pode causar intoxicação das minhocas. Tome cuidado para não colocar serragem com produto químico ou altas quantidades de ervas aromáticas, caso isso ocorra retire tais elementos e deixe a caixa destampada por algumas horas.

As minhocas também têm predadores, formigas, centopéias e lacraias são inimigos naturais delas. Monitore a composteira para ver se este é o motivo, se encontrar algum desses bichos utilize repelentes naturais e continue monitorando pelos próximos dias.

Moscas de fruta

É necessário tomar certo cuidado quando você for colocar cascas de frutas como banana e mamão na composteira. Isso porque, dependendo da regulação da umidade, as cascas atraem as famosas moscas de frutas da espécie Drosophila. Esses insetos incomodam muito e colocam ovos em resíduos de cascas, que, quando jogados na mistura, podem brotar. Por isso, o ideal é regular a umidade e, ao gerar o resíduo, deixá-lo em um recipiente fechado até ser introduzido na composteira.

Mas, no caso das moscas aparecerem, é recomendável o uso do repelente de neem, uma árvore que possui diversos benefícios para a saúde e o meio ambiente (…).

Outra dica para afastar as moscas é fazer um chá concentrado de capim limão e borrifar na mistura. E sempre regular a umidade, mas não utilize nenhum tipo de veneno para espantar as moscas.

Outra dica é passar óleo de citronela nas paredes das caixas pelo lado de fora, para manter os insetos distantes, já que a citronela é um excelente repelente natural (aproveite para ver mais exemplos na matéria “Seis tipos de plantas funcionam como repelente natural de insetos”). Além disso, existe uma armadilha natural para as moscas e que pode ser feita em sua residência com materiais simples, veja como fazer uma armadilha com garrafa PET na matéria

Faça você mesmo: armadilha ecológica contra moscas”.

Para reduzir o aparecimento dessas mosquinhas indesejáveis, é possível também adicionar uma camada reidratada de fibra de coco na superfície da composteira. Para saber mais informações leia a matéria “Dicas para quem deseja se livrar das moscas drosófilas em composteiras”.

Larvas de moscas

As famosas larvas brancas que surgem na composteira sem explicações podem ser advindas justamente dessas moscas de frutas que são atraídas pela alta umidade do composto. Muitas pessoas entram em desespero quando veem essas larvinhas achando que toda a compostagem estará perdida, mas muita calma. Por serem larvas e ainda não terem a maturidade suficiente, esses bichinhos indesejados acabam morrendo e virando composto, já que, em determinados momentos da decomposição, a temperatura aumenta consideravelmente e as minhocas fogem para lugares mais frescos deixando essas larvas para serem “decompostas”.

Uma alternativa para evitar que as moscas ponham seus ovos no composto é utilizar telas de proteção para os casos da necessidade de manter a composteira aberta por muito tempo.

Outro cuidado fundamental é verificar se os restos de alimentos já não estão contaminados ao colocá-los dentro da composteira. Veja mais na matéria “Moscas e larvas na composteira doméstica: causas e soluções para o problema”.

Mas se ainda assim as larvas brancas aparecerem, fique tranquilo: elas auxiliam as minhocas quebrando as moléculas de resíduos em moléculas menores, facilitando a digestão das mesmas. Além da tela, um controle da população dessas larvas pode ser feito revirando o composto a cada dois ou três dias, mantendo o material mais novo misturado ao mais antigo.

Dicas

Restos de comida são bem-vindos para as minhocas, mas evite cascas de frutas cítricas, gordura animal, restos de alimentos salgados, carnes, alho, cebola, derivados de trigo, laticínios, nozes pretas, arroz, a maioria dos tipos de papel (por conta da tinta, que pode prejudicar esses vermes). Além disso, vale destacar que o papel pode ser reciclado, assim como a madeira tratada com pesticidas ou verniz. Mas esses resíduos provocam lentidão no processo, pois têm decomposição difícil, o que gera pragas e até a morte das minhocas. Veja na matéria “Você sabe o que deve e o que não deve ir para a composteira doméstica?” outros itens que devem ser evitados de entrar em sua composteira doméstica e o que fazer com eles na matéria “Não vai para a composteira, e agora?”.

Diversos animais podem aparecer na composteira, mas não se preocupe pois eles são benéficos e facilitam o trabalho das minhocas. Entenda melhor quais espécies podem surgir e o que elas fazem na matéria “Quais bichinhos podem aparecer na composteira?”.

A borra de café pode ser adicionada na pilha de compostagem porque é rica em nutrientes (como potássio, nitrogênio e fósforo), conserva a umidade, esquenta a composteira e ainda exala um cheiro mais ameno do que o de metano. E sem o cheiro, os insetos não são atraídos para a composteira. Somente as minhocas que gostam do cheiro de fermentação e mofo da borra de café são atraídas, o que é muito bom para você, por conta do papel fundamental que as minhocas possuem na compostagem. Apenas tome cuidado com a quantidade porque borra de café em excesso na composteira vai ocasionar  muita umidade. Confira aqui cinco usos para a borra de café ajudar suas plantas.

Existe uma técnica em que é possível dispor os resíduos em fileiras sequenciais, assim, o consumo dos resíduos pelas minhocas se dá de maneira mais uniforme. De um lado, deixe um pouco de húmus, para que as minhocas possam curtir, e do outro, deposite sequencialmente em fileiras uma ao lado da outra as trilhas de resíduos e depois em camadas.

Também é bom colocar um pedaço de tijolo no reservatório reservado para o chorume, pois assim você cria condições para que as minhocas que vão parar perto desse reservatório não se afoguem, podendo subir de volta para a parede. Existe um modelo de composteira doméstica que reúne três caixas empilhadas, sendo a última reservada para o chorume, que é um dos resultados da compostagem e que, misturado com água, pode se tornar um biofertilizante para as plantas.

A seguir, confira uma tabelinha importante com mais detalhes das causas e soluções:

Problemas Causas Soluções
Aparecimento de larvas de moscas Excesso de nitrogênio no sistema Adicione papel picado ou fibra de coco reidratada para equilibrar o excesso de nitrogênio e carbono
Pequena quantidade de vermes na composteira Caixa seca, pouco alimento Adicione folhas de alface, repolho, espinafre, misture com papel picado na proporção de 2:1
As folhas não se decompõem Oxigenação pobre ou falta de umidade Evite camadas grossas de um único material. Lembre-se de fragmentá-los antes de levar à composteira
Cheiro de ovo estragado Pouco oxigênio. Pode estar muito úmido ou compactado Adicione materiais secos na superfície e espere até a absorção da umidade, misture o conteúdo para aeração
Atração de roedores, moscas e outros animais Materiais inadequados como carne, ossos, óleos, peixes, etc Não adicionar materiais inadequados ao sistema de compostagem
Presença de insetos, centopeias, lesmas, etc É parte do processo natural da compostagem Não é um problema, a não ser que o sistema fique muito próximo a jardins ou hortas, pois as lesmas podem destruir tudo
Surgimento de formigas O sistema pode estar muito seco, demasiado quente ou com restos de comida muito próximos à superfície Manter uma boa mistura de materiais para aquecer o sistema e mantê-lo úmido o suficiente
Cheiro de amônia Excesso de nitrogênio (materiais verdes) Adicione materiais com carbono (materiais castanhos


Extraído de: Grow it organically

Disponível em Ecycle